sábado, 1 de agosto de 2009

Instituto Guanabara


Instituição: Argumento Pós Graduação
Disciplina: Educação especial e inclusiva
Professora: Miralva Santos
Alunas: Maria Luiza, Ana Cristina, Bernadete, Hilberto e Cleuza

Relatório Técnico
A visita técnica é um instrumento que permite um aprofundamento dos conteúdos trabalhados em sala de aula e uma oportunidade em que as alunas observam, analisam e comparam dados relativos à instituição com demais estabelecimentos do ramo e com experiências pessoais.
A psicopedagogia propõe o desenvolvimento de uma ampla compreensão sobre os variados processos inerentes ao aprender humano. Como o processo de aprendizagem é complexo e continuo torna-se bastante proveitoso conhecer as experiências realizadas no campo, analisar e tomar como base estas experiências a fim de desenvolver projetos cada vez mais aprimorados e completos. Uma das instituições que realiza em Psicopedagogia em Salvador é o Instituto Guanabara, fundado em 20 de janeiro de 1970 e agora com novo nome: Centro de Atendimento Educacional Especializado Anaminese Social. Ele está situado na Rua Frederico Cosa, 93 Brotas Salvador, tendo como objetivo a Habilitação, Reabilitação Educação e Tratamento de crianças, adolescentes e adultos, portadores de Deficiência Mental e transtornos nas áreas emocionais, psicomotora, neurológica. É uma equipe multi e transdisciplinar , desenvolve trabalhos objetivando a inclusão das pessoas atendida na sociedade com todos seus direito assegurados.
A visita foi realizada no dia 24/08/09, sendo acompanhada pela Coordenadora da Instituição, Iraneide de Mendonça Silva, Pedagoga com Especialização em Educação Inclusiva. Ela possui quatro anos e meio de experiência na Instituição e nos levou para conhecer as dependências do local. A instituição possui salas de oficinas onde estavam alunos com síndrome de Down e a professora que acompanhava os trabalhos gentilmente falou um pouco do seu trabalho. Ela trabalha com 13 alunos com síndrome de Down e afirma que os mesmos são capazes de fazer teatros, dança artes e etc.
A unidade é uma entidade filantrópica, com uma diretoria composta de superintendente geral, presidente, vice-presidente, 1º e 2º tesoureiros. Mantém convênios com: (SUS), SEDES, PETROBRÁS, SETRAS, SAEB, MARINHA.
O Instituto Guanabara funciona de segunda a as sextas em dois turnos das 07:30 às 11:30 às 17:00 horas. Atende uma clientela com idades variando entre 4 a 65 anos. Não constitui uma escola regular e sim um centro de estimulação para preparar o indivíduo para a escola regular. Segundo a coordenadora, os trabalhos desenvolvidos não são feitos por seriação e sim pelo nível de desenvolvimento em que cada um se encontra. Assim, eles selecionam os que tem nível de desenvolvimento semelhantes para que trabalhem juntos estimulando a socialização.
O Instituto Guanabara desenvolve também trabalhos com serviços de saúde especializados em: clinica geral, pediatria, psiquiatria, neurologia, diagnostico diferencial, habilitação e reabilitação, profissionalização social, ações de prevenção das deficiências, ações de atendimento educacional, serviços de enfermagens, eletroencefalograma, aconselhamento e apoio psicossocial, terapias individual e de grupos e visitas domiciliares. Também são realizados trabalhos através da equipe transdisciplinar compostas de médicos, psicólogos, assistentes sociais, fonoaudiólogos, psicomotricistas, terapeutas, ocupacionais, pedagogos, psicopedagogos, instrutores de oficinas terapêuticas, professores regentes de classes especiais, professores de educação física, professores de dança e teatro, e professores de artesanato.
Na área educacional a instituição realiza trabalhos com o desenvolvimento da linguagem, música, jogos, dança teatro, coral, bandinha rítmica, psicomotrocidade e educação física. Os profissionais desta Instituição realizam ainda oficinas de iniciação profissional como de manicure, pedicure, cabeleleiro, bijuteria, serigrafia, tecelagem e artesanato em geral. Essa oficina tem o objetivo de levar o educando portador de deficiência mental e transtornos de conduta à total inclusão através da habilitação e reabilitação não só na escola como também no campo de trabalho.
Para encaminhar um aluno ao Instituto Guanabara a família deverá se dirigir ao Instituto munida de documentos como RG, comprovante de residência, cartão do SUS, a fim de marcar uma triagem. O aluno passa então pelo serviço social e psicologia para que se conheça o paciente. A depender das suas características ele será encaixado no que for necessário para o seu tratamento. Vale ressaltar que a entrevistada relatou não haver burocracia, desde que haja a vaga.
O atendimento se divide conforme as dificuldades do indivíduo: segundas e terças-feiras são atendidas um determinado problema, enquanto quintas e sexta-feiras outro e na quarta-feira todos se encontram para melhor socialização.
Alguns dos alunos do Instituto Guanabara estão na escola regular e para eles a Instituição faz um trabalho de acompanhamento de rendimento. O trabalho de inclusão nas escolas regulares é feito ao final de cada ano. A cada trimestre é realizada uma avaliação por meio de um relatório, com o observado pelos professores reabilitadores, que vai para o prontuário do aluno. Ao final de todos os trabalhos a equipe reúne seus técnicos, psicólogos, fonoaudiólogos e terapeutas para analisar minuciosamente cada aluno e saber se estão aptos para ingressarem na escola regular.
A entrevistada relatou também sobre as dificuldades que a Instituição enfrenta por não ter total apoio publico e das autoridades. No inicio de cada ano ela afirmou fazer uma lista de solicitação de alimentos e de materiais pedagógicos. Mas, diz que quando esses chegam eles já passaram por muitas privações.
A Instituição não trabalha com livros, pois, entende que o livro não supre as necessidades de ouvir e falar. Assim os educadores preferem trabalhar com atividades que estimule a coordenação motora. Os professores fazem aula viva, teatro, levam os alunos ao zoológico e outros lugares a fim de estimular seu sentidos.
São feitos também trabalhos sociais com projetos sociais que envolvem as famílias e as dificuldades que estas enfrentam com seus deficientes ou com a aceitação de que são deficientes. Pois, muitos pais de crianças com hiperatividade e problemas parecidos recusam atendimento por falta de conhecimento, dizendo que seu filho não precisa de tratamento mesmo quando o problema já foi diagnosticado. Estes são encaminhados ao GOF (Grupo de Orientação Familiar) para melhores esclarecimentos e orientações a cerca do problema que possuem na família. O GOF atende todas as quartas-feiras orientando os filhos e pais quanto à freqüência dos alunos e procurando saber a causa das faltas, a fim de resolver os problemas de base.
A entrevistada não é a primeira pessoa a receber o aluno na Instituição, por isso não soube informar claramente a procura por esta, mas, ressalta que alguns procuram atendimento alegando, na avaliação pedagógica, que os indivíduos possuem dificuldade de aprendizagem e/ou distúrbios de comportamentos.
Quando foi solicitado que a entrevistada relatasse um caso marcante no Instituto ela relatou um caso de aluno que era muito agressivo, xingava muito e era muito inquieto mas, com o tratamento ele foi se acalmando a ponto de passar do tempo na Instituição. Foi quando a diretoria médica entrou com um relatório médico dizendo que ele não deveria mais no tratamento. A mãe não queria aceitar a alta do filho e prestou queixa no Ministério público. Com o desenrolar do caso o menino teve alta, a família está satisfeita e hoje ele estuda em uma escola regular e está cursando a 4ª série, 5º ano.
Fomos muito bem atendidos no local, a visita foi bastante proveitosa no sentido de conhecermos o trabalho realizado na Instituição, a forma como são desenvolvidos os trabalhos, as dificuldades de lidar com “o diferente” e com a falta de apoio adequado das esferas governamental e empresarial. Uma das dificuldades relatadas pela entrevistada, por exemplo, fazia menção à falta de veículo para as demandas existentes, além desta percebemos também que as salas são pequenas, há falta de área verde, enfim, falta estrutura física adequada ao desenvolvimento das atividades aspiradas. Contudo, pareceu-nos que ainda assim muitas atividades são realizadas e com sucesso. Sabemos que o ramo da psicopedagogia ainda é muito pouco difundido na sociedade, assim, conhecendo as instituições que já utilizam o trabalho dos psicopedagogos e analisando criticamente seu trabalho, podemos aperfeiçoa-lo cada vez mais melhorando os resultados e promovendo maior visibilidade deste profissional no mercado.